segunda-feira, 23 de maio de 2022

 

A CRISE NA SANTA IGREJA: UMA LEITURA POSSÍVEL

A Santa Igreja Católica passa por uma crise interna muito grave que o Santo Padre Paulo VI já identificava no período imediato após o Concilio Vaticano II.

“Referindo-se à situação da Igreja de hoje, o Santo Padre (Paulo VI) afirma ter a sensação de que ‘por alguma fissura tenha entrado a fumaça de Satanás no templo de Deus’. (...)  “Também na Igreja reina este estado de incerteza. Acreditava-se que, depois do Concílio, viria um dia ensolarado para a História da Igreja. Veio, pelo contrário, um dia cheio de nuvens, de tempestade, de escuridão, de indagação, de incerteza. Pregamos o ecumenismo, e nos afastamos sempre mais uns dos outros. Procuramos cavar abismos em vez de soterrá-los”. Depoimento de Paulo VI na Alocução “Resistite fortes in fide”, de 29 de junho de 1972.

“A Igreja atravessa hoje um momento de inquietação. Alguns praticam a autocrítica, dir-se-ia até a autodemolição. É como uma perturbação interior, aguda e complexa, que ninguém teria esperado depois do Concílio”. Alocução de Paulo VI aos alunos do Seminário Lombardo, no dia 7 de dezembro de 1968.

Portanto os efeitos do Concilio Vaticano II causa perplexidade ao Papa Paulo VI já em seu nascedouro.

 O Concílio (Vaticano II) não devia, em primeiro lugar, condenar os erros da época, mas sobretudo empenhar-se por mostrar serenamente a força e a beleza da doutrina da fé.” Constituição Apostólica do Sumo Pontífice João Paulo II Fidei Depositum para a publicação do Catecismo da Igreja Católica de 11/10/1992 aos 30 anos de abertura do Concilio Vaticano II.

Passados 60 anos, como interpretar os efeitos do Concilio? De fato os erros continuam não sendo condenados pela Igreja. A “beleza da doutrina da fé” continua nas prateleiras, não saiu fortalecida. O número de Católicos no Brasil em 1960 era de 94% e hoje está próximo de 50% (esperamos o senso 2022). Entretanto os católicos que se esforçam para se manter fieis à “beleza da doutrina da fé”, assistem ao “erro não sendo perseguido” mas eles são desencorajados e até perseguidos conforme se deduz do teor da  Carta Apostólica emitida "Motu Proprio" pelo Sumo Pontífice Francisco, «Traditionis Custodes» no ponto preciso:Art. 3. O bispo da diocese em que até agora existe um ou mais grupos que celebram de acordo com o Missal antecedente à reforma de 1970: § 5. Proceder adequadamente à verificação da eficácia das paróquias canonicamente erigidas em benefício desses fiéis, para o seu crescimento espiritual, e determinar a sua manutenção ou não”. Como não existe versão em Portugues deste Motu Proprio no site do Vaticano, apresentamos uma segunda tradução: §5. Proceda, nas paróquias pessoais erigidas canonicamente em benefício destes fiéis, a uma conveniente avaliação da sua efetiva utilidade para o crescimento espiritual e avalie a sua manutenção ou não.

EM OUTROS TERMOS, AS ADMINISTRAÇÕES APOSTÓLICAS PESSOAIS TAMBÉM PODEM SER MANTIDAS OU NÃO, DE ACORDO COM AVALIAÇÃO DO BISPO DA DIOCESE (E NÃO O BISPO DA ADMINISTRAÇÃO, POIS O PODER É CUMULATIVO).

Resta-nos aguardar se vai ou não haver alguma forma de Resistência, semelhante ao modo como São Paulo resistiu a São Pedro (Gal. II, 11), caso os católicos de alguma Administração Apostólica Pessoal venham a perder o privilégio concedido na SUMMORUM PONTIFICUM. Santo Tomás de Aquino trata do episódio da Resistencia de São Paulo em muitas de suas obras. Em primeiro lugar, ele observa que “o Apóstolo se opôs a Pedro no exercício da autoridade e não à sua autoridade de governo” (Super Epistolam ad Galatas lectura, n. 77, tr. It. ESD, Bologna 2006). Paulo reconhecia em Pedro o Chefe da Igreja, mas julgava legítimo lhe resistir, dada a gravidade do problema, que tocava a salvação das almas. “O modo como se deu a repreensão foi conveniente, pois foi público e manifesto” (Super Epistolam aos Galatas, n. 84). Cfr em https://www.abim.inf.br/quando-a-correcao-publica-e-urgente-e-necessaria/  

MODO DE OPERAR DOS INIMIGOS DA IGREJA

Da instrução secreta abaixo, datada de 1819, fizemos um recorte que nos parece esclarecedor e o publicamos. Originariamente foi publicado por Crétineau-Joly no livro LÉglise Romaine et la Revolution, que havia sido entregue ao autor pelo Papa Gregório XVI. “O que devemos pedir, o que devemos procurar e alcançar, assim como os judeus esperam do Messias, é um papa segundo as nossas necessidades”, diz o documento. Vê-se no documento um esforço da alta cúpula da maçonaria italiana de ter presença na hierarquia da Igreja. Isso, em 1819.   

INSTRUÇÃO SECRETA PERMANENTE

Dada aos membros da Grande Loja (Alta Venda).

“Depois que nos estabelecemos como corpo de ação e que a ordem começa a reinar no fundo da Loja mais afastada como no seio daquela mais próxima do centro, existe um pensamento que sempre preocupou profundamente os homens que aspiram à regeneração universal: é o pensamento da libertação da Itália, do qual deve sair, num dia determinado, a libertação do mundo inteiro, a República fraternal e a harmonia da humanidade. Esse pensamento não foi ainda compreendido por nossos irmãos de além-Alpes.(...)

(...)“O trabalho que iremos empreender não é obra nem de um dia, nem de um mês, nem de um ano; pode durar vários anos, talvez um século; mas, nas nossas fileiras o soldado morre e o combate continua. “Não pretendemos ganhar os Papas para a nossa causa, fazê-los neófitos dos nossos princípios, propagadores das nossas idéias. Seria um sonho ridículo; e seja como for que andem os acontecimentos, que cardeais ou prelados, por exemplo, entrem espontaneamente ou por surpresa numa parte dos nossos segredos, não seria isto motivo para desejar a ascensão deles à Sé de Pedro. Essa ascensão nos poria a perder. A simples ambição conduzi-los-ia à apostasia: as necessidades do poder força-los-iam a nos imolar. O que devemos pedir, o que devemos procurar e alcançar, assim como os judeus esperam do Messias, é um papa segundo as nossas necessidades. Alexandre VI, com todos os seus crimes privados, não nos conviria, porque jamais errou nas matérias religiosas. Um Clemente XIV, ao contrário, seria o que nos convém da cabeça aos pés. Bórgia era um libertino, um verdadeiro sensualista do século XVIII perdido no século XV. Foi anatematizado, apesar dos seus vícios, por todos os vícios da filosofia e da incredulidade, e deve esse anátema ao vigor com que defendeu a Igreja. Ganganelli entregou-se de mãos e pés atados aos ministros dos Bourbons que lhe metiam medo, aos incrédulos que celebravam sua tolerância, e Ganganelli tornou-se um grande Papa. É mais ou menos nessas condições que precisaríamos de um, se ainda for possível. Com isto caminharemos mais seguramente ao assalto da Igreja do que com os panfletos dos nossos irmãos da França ou mesmo com o ouro da Inglaterra. Quereis saber a razão disso? É que para isso, para quebrar o rochedo sobre o qual Deus construiu sua Igreja, não mais temos necessidade de vinagre anibalino, não temos mais necessidade de pólvora para canhão, não temos mais necessidade nem mesmo dos nossos braços. Temos o dedo mindinho do sucessor de Pedro comprometido com a conspiração, e esse mindinho vale para essa cruzada por todos os Urbanos II e todos os São Bernardo da Cristandade”. Cfr DELASSUS, Monsenhor Henri. A Conjuração Anticristã. Documentos Relativos à Alta Venda. 2ª Edição. Castela Editorial, 2016. p. 590.

O livro descreve, entre outras coisas, uma superposição de Grupos secretos dentro da Sociedade Secreta. Uma série de decisões secretas são tomadas e dentro da mesma sociedade essas decisões são desconhecidas. “Foi então que surgiu, do seio da Franco-Maçonaria, uma outra sociedade mais secreta, com juramentos mais terríveis e sanções fatais, o Carbonarismo”. Pg 138 do mesmo livro de Monsenhor Delassus.

Esses inimigos ferozes da Igreja estariam atuando por dentro? A penetração desses inimigos seria a causa da autodemolição? A fumaça de Satanás seria representada por esses agentes? Apesar de não termos resposta objetiva para essas questões, que ela se encaixa na meta pretendida pela Alta Venda do Carbonarismo não resta dúvidas.

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